agosto 05, 2005

Mais o fim de uma semana; muitos quilómetros percorridos em várias direcções, faço pela última vez esta semana o caminho de regresso a casa. Sinto-me cansado, tenho sono e por cima de mim paira um ambiente tão incomum quanto escuro.
Cortinas espessas de fumo percorrem dezenas e dezenas de quilómetros, enquanto condutores de todas as espécies e feitios vão perdendo a paciência com quem se encontra à sua frente. À minha esquerda vejo a cidade, o castelo no alto e nos morros circundantes, colunas de fumo que emanam da terra quente e seca qual resultado de bombardeamento potente sem defesa possível. Foi justamente essa a ideia que me surgiu num primeiro pensamento.
Ver, assim de repente, uma cidade incolor, com pouco movimento, e numa estrada nacional ver a impaciência constante dos motoristas, ver estradas cortadas por todos os lados, ver sirenes de todas as entidades que as usam, em suma, ver um estado de calamidade que não é decretado; são reuniões às 2H DA TARDE, e dois dias depois do início dos incêndios para se decidir o que é que se faz.
Vamos ficar impávidos e serenos a ver o que se passa, ou quem tiver vontade de trabalhar, vá ajudar a construir a linha de TGV ou mais um aeroporto que tanta falta nos faz. Gastem milhões e milhões em merdas inúteis e deixem que estes fogos trilhem eles próprios o caminho que vocês vão abrir daqui a quatro anos (depois da mesma zona já ter ardido novamente).
Eu nada mais posso fazer que ficar aqui, neste pequeno quarto, longe e ao mesmo perto de todos os "Mares Vermelhos" que existem aqui num raio até 25kms.